quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O ouriço Cacheiro e o esquilo Arnaldo




Era uma vez o ouriço Cacheiro
Que vivia à sombra de um velho castanheiro

Lá em cima na copa, no ramo mais alto
Vivia um esquilo chamado Arnaldo

Eram grandes amigos, e bons companheiros
De manhã iam à escola, à tarde brincavam

Sempre muito catitas, vestiam com estilo
De verde o ouriço, de vermelho o esquilo

Se brincavam às escondidas, como era matreiro
Ninguém encontrava o ouriço Cacheiro

Mas se a brincadeira era jogar à apanhada
O Arnaldo ganhava, sempre aos pulos e saltos

Ao chegar o Natal a professora Aninhas
Pediu aos amigos para trazerem prendinhas

Trocaram os presentes, muito bem embrulhados
Com papéis verdes e vermelhos, e laços dourados

À noite no parque tranquilo,
No velho castanheiro
Dormiam Arnaldo, o esquilo
E o seu amigo, o ouriço Cacheiro


Texto: Miguel Botelho
Ilustração: Isa Silva

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Ano Novo

No mundo da Joaninha as coisas ganham vida.

Uma tenda transforma-se, por vezes, em nave espacial para percorrer as galáxias...

Joaninha sonha um dia poder voar pelos céus de braços abertos! Oferece enormes árvores do jardim à mãe que já é dona de uma grande floresta... Com carrinhos de linhas constrói, na sala, grandes teias de aranha, onde apanha estranhos insectos gigantes...

Hoje na casa da Joaninha andam todos ocupados e contentes com a preparação da festa de fim de ano mas ela está muito aborrecida, não quer mudar de ano! Gosta deste, já o conhece, é seu amigo. Para ela o Ano Velho é um simpático senhor de cabelos brancos e compridos que usa um grande casaco azul cheio de bolsos. Dentro dos bolsos há migalhas do bolo de anos, uma roda partida de skate, a asa de uma borboleta. E muitas outras coisas, que já nem se lembra ter guardado.

Para ela o Ano Novo é um rapaz de cabelo curto e preto sério e de nariz empinado. Não usa casaco. Não tem bolsos. Onde guardarei as minhas coisas? – pensa ela.

O ano velho tem umas calças pintadas com tinta dos seus desenhos. O Ano Novo usa umas calças brancas. Se calhar nem me deixa fazer desenhos para eu não o sujar...

O Ano Velho conhecia os seus pesadelos e ajudava-a a enfrentá-los. O Ano Novo nada sabe desses medos e é bem capaz de se rir deles!

Quando a meia-noite se aproxima e todos muito animados e sorridentes parecem divertir-se mas Joaninha cansada e ensonada enrosca-se no sofá, amuada.

Pelo canto do olho vê o Ano Velho aproximar-se. Não vás embora! – pede. O Ano Velho faz-lhe festas no cabelo e diz-lhe baixinho: Não vou para longe... fico arrumado dentro de ti. Aparecerei sempre que te lembrares dos bons momentos que passámos. Agora dorme... dorme... bons sonhos!... Bons sonhos!...

A meio da noite a Joaninha acorda na casa está tudo em silêncio. Pelos vistos acabaram as comemorações. Já não está no sofá mas no quarto, na sua cama. Ao seu lado, na almofada, estão migalhas de bolo, um pedaço de cordel, um bigode do gato desaparecido. Aos pés da cama o Ano Novo dorme, tapado com um casaco azul cheio de bolsos. Joaninha coloca as coisas num dos bolsos com muito cuidado.

Afinal vai poder continuar a guardar todas aquelas coisas.

E volta a dormir mais descansada

Quando voltou a acordou era quase à hora do almoço. Da cozinha vinha um cheiro bom: a bolo e carne assada. Correu para a televisão para ver os seus desenhos animados enquanto esperava a chegada dos primos. Almoçaram todos juntos, passaram a tarde a fazer corridas de bicicleta e à noite ficaram até tarde a ver filmes, todos amontoados no chão da sala, a comer chocolates.

Só quando chegou à escola e viu no quadro a data de Janeiro se lembrou do Ano Novo. Um ano com um casaco cheio de bolsos para encher... Aparou o lápis e guardou as aparas e junto a elas o cromo repetido do Bernardo.

O Ano Velho costumava ajudá-la na matemática. O Novo não parecia ser muito bom em contas.

- As férias fizeram-te mal! Esqueceste as contas! – disse a professora.

A culpa era dele, do Novo Ano! Ignorante! Tanta coisa que tinha de ensinar-lhe!

Enquanto fazia os seus trabalhos olhava pela janela. Sentado no muro do recreio, lá estava ele a sorrir, o Ano Novo! Tinha cara de ser um pouco parvo, o casaco ficava-lhe um pouco grande… mas sorria para ela. Joaninha acenou-lhe e sorriu também. Haviam de tornar-se bons amigos. Ia com certeza ser um Bom Ano!

- Joaninha! – chama a professora.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010