quarta-feira, 14 de abril de 2010


O lugar de todas as dificuldades!

A Margarida não saiu assim “sem mais nem menos”. A Margarida perguntou à mãe se podia ir ao Parque. A mãe, concentrada a ler o jornal, acenou que sim. Aí ela, a Margarida, disse “até já” e saiu aos saltinhos. O Tobias, que dormia no tapete da entrada, acordou e foi atrás.

A Margarida entrou no Parque, correu para os baloiços e começou a baloiçar. Ao fim de algum tempo reparou que o escorrega estava a desaparecer como se estivesse a ser apagado com uma borracha. Que estranho! E não era só o escorrega, as árvores estavam sem copas e a água do lago tinha desaparecido... Todas as coisas no parque estavam a ficar gastas, sem cor, apagadas!

O Tobias ladrava assustado. A Margarida também se sentia um pouco assustada. Deixara de estar no meio do Parque Verde e estava agora no meio de… de nada… Não havia nada, nada, nada… nada de nada à sua volta. Parecia um lugar saído das histórias fantásticas dos livros. Estava na Terra do Nada! Quem é que teria inventado um lugar assim? O lugar de todas as dificuldades…

Quando não há nada onde pomos os pés?
E se descobrimos onde pôr os pés, como sabemos se já andámos muito ou ainda pouco?
Quando não há nada como sabemos ao andar para onde vamos?
Quando não há nada torna-se tudo muito difícil…
A Margarida não sabia se estava há muito ou pouco tempo ali naquele lugar. Havia Tempo na Terra do Nada?

Ali estava ela, uma menina e um cão, perdidos no meio de nada… Um cão? Onde estava o Tobias?
- Tobias! Tobias!!! - chamou ela, preocupada.
O Tobias estava atrás dela, muito assustado, também ele estava a desaparecer! A própria Margarida estava a apagar-se… Os cabelos já não estavam tão loiros… Os ténis vermelhos estavam a ficar cor de cinza…

A Margarida respirava rápido e com força, como quando temos com medo. Sabem como é, todos já sentiram medo. Respirava rápido… Respirava. É verdade respirava! Se respirava, havia ar na Terra do Nada!

Um lugar cheio de ar é ainda uma Terra do Nada?
Parece que sim… Ar e mais ar, apenas ar era o que ela encontrava à sua volta.
Foi então que a Margarida teve uma ideia. Parecia uma boa ideia. Meteu então a mão no bolso onde tinha um pedaço de lápis, não era um lápis muito grande, não dava para muito… Mas deveria dar para desenhar qualquer coisa.

Qualquer coisa parecia ser uma solução…
Mas onde iria desenhar? Onde? Se só havia ar… Um circulo no ar… Hum… Parecia uma boa solução. Quando começamos um círculo ele vai acabar no lugar onde o começámos.Perfeito! Um círculo no ar. Um círculo perfeito.

A Margarida desenhou um grande círculo azul, no ar.
E depois passou através dele para outro lado, no exacto momento em que estava quase, quase a desaparecer. E do outro lado da Terra do Nada encontrou: a Terra de Coisa Nenhuma.

Na Terra de Coisa Nenhuma havia coisas… havia todas as coisas mas nenhuma se parecia com nada. Na Terra de Coisa Nenhuma era tudo torto e inacabado… As casas ora não tinham telhado ora lhes faltavam as portas, ou as janelas. As árvores cresciam deitadas. Havia cadeiras só com três pernas… Havia copos sem fundo e gatos sem bigodes…

A Margarida reparou num grande edifício do outro lado da rua. Não tinha nem uma única janela, só uma porta grande e vermelha onde estava escrito: ALOCSE.

ALOCSE? ESCOLA? Seria uma escola? Será que na Terra de Coisa Nenhuma todas as palavras estavam escritas ao contrário? A Margarida atravessou a rua e entrou na porta vermelha da ESCOLA ao contrário.

E o que encontrou? O que aconteceu?
São os meninos e meninas da #sala5 que irão contar.

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