sexta-feira, 30 de abril de 2010

O que nós andámos para aqui chegar!

A Margarida, o Tobias e o Rei demoraram muito tempo a subir a enorme escadaria do Castelo.
Demoraram muito tempo porque tinham de subir muito devagar. O Rei por ser muito guloso, era muito, muito gordo… tão gordo que parecia ser de todas as formas… Era por isso que estava de dieta.

Demoraram tanto tempo a subir que quando chegaram à porta do castelo já era de noite. O Rei era tão gordo e pesado que, mesmo tendo subido muito devagar, estava muito cansado… Sentou-se no último degrau e disse:

-Deixem-me descansar!.. Ai, ai… Já pedi para instalarem um elevador no Castelo… Mas o Ministro das Finanças diz que há uma grande crise no país e não pode gastar dinheiro com elevadores… Diz que há coisas mais importantes. Como por exemplo… Construir escolas… Ai, ai, que cansaço! Que difícil é ser Rei…

Enquanto o Rei descansa eu vou contar-vos o que aconteceu antes disto… Devem estar todos a pensar: “Como é que a Margarida apareceu? O Tobias tinha chegado a este lugar sozinho, numa nave espacial…”

Eu vou conta-vos, enquanto o Rei descansa. Vou contar-vos o que me contaram a mim, o que se conta por aí, a história que passou de boca a orelha…

O Tobias tinha acabado de aterrar num lugar onde tudo era quadrado, pelo menos visto da janela da nave e, logo à chegada, apareceu-lhe à frente uma bola amarela saltitante!

Se ele não estivesse tão longe de casa e do parque onde costumava brincar sabia o que fazer: corria atrás da bola e agarrava-a com os dentes!
Mas ali… Era melhor ter cuidado! Ele era um cão muito vivido, conhecia muitas espécies de bolas. Até conhecia bolas de Berlim, óptimas para morder! Uma bola do espaço é que nunca tinha visto, era melhor não lhe meter os dentes… Mas logo apareceu um carro espacial azul de onde saiu um Quadrado Azul:

- Ah estás aqui…

E o Quadrado Azul começou a correu tentando apanhar a bola amarela saltitante.

- Isto é uma praga neste país! - Dizia o Quadrado Azul – Estas bolas! Saltam por cima de tudo, rodam, não param quietas… Temos sempre de as andar a apanhar.

O Quadrado Azul ia falando. O Tobias não percebia nada e não tirava os olhos da bola.

- É preciso ter ângulos para viver, se não temos ângulos nunca chegamos a lado nenhum. E não podem ser uns ângulos quaisquer temos de ter ângulos rectos. As bolas não são permitidas!

E quando, com salto mais rápido, o Quadrado Azul conseguiu agarrar a bola amarela meteu-a dentro do carro e arrancou a grande velocidade.
O Tobias correu atrás dele. Lá dentro ia uma bola, um cão nunca resiste muito tempo a correr atrás de uma bola, mesmo sendo uma bola do espaço, dentro de um carro.
O carro azul parou em frente a uma grande casa muito escura cheia de minúsculas janelas quadradas. O Tobias foi muito rápido e conseguiu entrar na casa, ao mesmo tempo que o Quadrado Azul.
Dentro da casa havia bolas e imensas formas geométricas com toda a espécie de ângulos: rectos, agudos e obtusos!
O Tobias não pensou muito, era um cão, mordeu o Quadrado Azul e provocou uma grande confusão…
As bolas e restantes formas geométricas, ao verem o Tobias morder o Quadrado Azul, ganharam coragem, fizeram uma grande revolução e saíram porta fora.
Acabou assim a ditadura dos quadrados! Agora todas as formas podiam andar em liberdade. Aquela voltava a ser: a Terra das Formas Geométricas, de todas as formas, sem excepção.
O Rei e a Rainha regressaram do lugar longínquo onde se escondiam, desde que os quadrados mandavam. O Tobias e a bola amarela ficaram grandes amigos e brincaram juntos durante semanas… Até que a Margarida chegou... E foi então, quando eles voltavam para a nave que os traria de volta à TERRA que encontraram o Rei.
O Rei não sabia nada desta aventura do Tobias… Com o Quadardo Azul e a Bola Amarela. É sempre assim… Como os reis não costumam passear na rua não sabem nada destas histórias que o povo conta… Um dia havemos de lhe contar, mas hoje não temos tempo… O rei já descansou, levantou-se e, finalmente, entraram no castelo. Na sala encontraram a Rainha a chorar.

-A Clara desapareceu! Estou cansada de a procurar por todo o castelo!
- Procuraste na rua - perguntou o rei?
- Na rua?! Achas que eu consigo andar na rua com estes sapatos?
Vós sabeis como são as rainhas…Usam roupas e calçado pouco práticos. Não dão muito jeito para andar a pé…
- Eu e o Tobias podemos ir procurá-la. – Disse a Margarida.
- Oh! Ficava muito agradecida!! – disse a Rainha.
E lá foram os dois à procura da princesa Clara. Percorreram o jardim e não a encontram. Saíram do jardim e continuaram a andar em direcção ao bosque e aos montes…

Andaram, andaram até que ao longe viram uma menina. Seria a Clara?

A Margarida e o Tobias aproximaram-se e viram que ela estava a falar com… Um sapo!


Se isto fosse um conto de fadas já todos sabíamos o que ia acontecer a seguir: a Clara beijava o sapo que se transformava num príncipe, casavam, tinham muitos filhos e eram felizes para sempre!
Mas, meus queridos meninos e meninas da #sala5, sendo esta uma história de Bruxinha, nada disso se passou!

Não havia príncipes naqueles montes… Havia uma princesa por vós inventada e, também: um sapo, um texugo, um lobo e uma raposa matreira… Uma história com todos era capaz de um grande romance…
E agora João?
Já que entraste no bosque que os faunos te inspirem para continuar…


Nota da Bruxinha: as ilustrações desta história são pormenores de lugares de Vila Nova de Paiva. Para as encontrar é só ir andando e olhando com olhos de ver.

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